segunda-feira, junho 06, 2005

 

When lightning strikes

Estava eu a ler a Máxima e houve um artigo que me despertou a atenção, não só porque é um tema que levanta várias opiniões, mas também porque tinha um conceito que desconhecia "o amor romântico". Depois de ter lido o artigo, percebi o conceito, mas será que este conceito realmente explica comportamentos e será este amor romântico instintivo?
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(...)Quando não se sabe bem como justificar um inesperado comportamento sentimental há uma palavra que é sempre chamada em jeito de explicação: química. Afinal, no senso comum, a química remete para uma ciência um tanto ou quanto misteriosa, que lida com matérias quase transcendentes. Mas será ela a culpada por todas as loucuras cometidas em nome do amor e do prazer?
“A palavra química dá-nos imenso jeito porque serve para explicar tudo. Afinal, ninguém tem culpa de nada. Foi a química…”, comenta o sexólogo Jorge Cardoso, contando que a ouve especialmente em casos de relacionamento extraconjugal. “As mulheres procuram cada vez mais a satisfação sexual e se o companheiro habitual não consegue oferecê-la, acabam por buscá-la, mesmo que inconscientemente, fora dessa relação. E aí surge a química com alguém especial”, diz o especialista. “Se calhar, até podemos dizer que foi a química, pois a atracção é algo que é muito fácil de reconhecer, mas muito difícil de explicar.”
O certo é que segundo Helen Fisher, uma das mais reputadas antropólogas norte--americanas e professora na Rutgers University, a química tem mesmo um papel a desempenhar quando se ensaiam relacionamentos homem/mulher. (...) a investigadora defende que aquilo que se convencionou chamar de paixão não pertence, afinal, ao terreno das emoções, mas é uma interacção de substâncias no cérebro.
“Para Helen Fisher, esta paixão avassaladora funciona, em termos evolutivos, enquanto garantia de propagação da espécie, pois a atracção e o desejo pelo outro é tão fulminante que acaba em contacto sexual”, explica a sexóloga Paula Pinto, adiantando que, segundo a antropóloga, isto não passa de um instinto humano e tão forte como, por exemplo, a fome. Há um impulso incontrolável para a relação, derivado de mudanças em termos químicos”, adianta a terapeuta. Animalesco? Se calhar por isso a investigadora norte-americana deu-lhe o nome suave de amor romântico.
E o que é isso de amor romântico? “Uma das mais poderosas forças existentes no mundo”, sentencia Helen Fisher. Ou seja, é aquilo a que nos habituámos a chamar de paixão. “Há uma tremenda explosão de energia, de interesse em estar com o outro. Uma euforia quando as coisas correm bem, um desespero terrível quando vão mal. Não se consegue deixar de pensar no outro. Há uma tendência para a obsessão, para a procura compulsiva”, explica a sexóloga Paula Pinto.
Por que nos sentimos fatalmente atraídos por determinada pessoa? Helen Fisher tenta uma resposta: “Normalmente, as pessoas apaixonam-se por alguém com quem interagem, mas, sobretudo, por alguém que considerem misterioso. Depois, a maior parte interessa-se por pessoas com o mesmo background sociocultural e com atitudes, expectativas e interesses paralelos.” Fundamental também, segundo a autora, é o nosso mapa amoroso. “Crescemos num mar de experiências que moldam as nossas escolhas românticas. Milhares de forças subtis, e invisíveis, constroem os nossos interesses, valores e crenças amorosas”, escreve. Daí que, como explica Paula Pinto, quando encontramos alguém que encaixe nesse complexo puzzle, o mecanismo da atracção química desperte. “Então, mergulhamos verdadeiramente de cabeça no outro.” (...) O que também se sabe é que a atracção física, ou amor romântico, não dura sempre. “As pessoas não podem ficar eternamente neste estado de paixão fulgurante, senão não vivem. É impossível uma dedicação total e infinita ao outro”, diz a sexóloga. Aliás, segundo os estudos de Helen Fisher, esta fase tem um prazo definido. Nos casais que partilham a vida diária, a atracção dura apenas entre 18 meses e três anos. O que não quer dizer que a relação acabe, apenas que se transforma noutra coisa. “Pode surgir o amor afeição, uma fase mais serena que, por exemplo, permite ter e criar os filhos”, explica Paula Pinto, dizendo que, face à acalmia das trocas químicas, cabe ao casal manter acesa a chama do desejo. Como admite Jorge Cardoso, temos, na verdade, mais de polígamos do que de monogâmicos. “O que também temos é uma coisa chamada social que nos vai impondo regras e princípios sociais e de relacionamento”, adianta o sexólogo. Como dizem os poetas, são misteriosos os caminhos do desejo e do amor. Sobretudo, quando há algo como a química pelo meio.
In: Máxima




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